José A. Andrade Gomes
Terrenos Agrícolas e Florestais. Taxa de Atualização e "Prémio de Risco" Implícito
O objetivo deste post não é a avaliação de prédios rústicos nem o modelo de “conta de cultura” normalmente utilizado na avaliação de terrenos agrícolas e florestais. O objetivo é, tão só, apresentar o levantamento de um conjunto de taxas de referência entre os anos de 1960 e 2018 e analisá-lo.
O quadro que contém as diferentes taxas recolhidas pode ser consultado aqui.
Analisadas as taxas recolhidas, elaboramos os gráficos a seguir apresentados que mostram:
Gráfico 1
representa a taxa de atualização (ou de desconto) normalmente utilizada na avaliação (a preços constantes) de terrenos agrícolas, tratando-se de uma “taxa real.” (linha vermelha) e a “taxa real” dos depósitos a prazo até um ano.
Gráfico 2
Este gráfico representa o prémio de risco implícito na taxa de atualização (ou de desconto) considerada.
Por simplicidade de análise, consideramos a soma algébrica das taxas, não considerando que tr =((1+tn) / (1+ti)) - 1, em que tr é a t. real, tn e t. nominal e ti é a t. de inflação.
A análise do Gráfico 2 permite ver que o “prémio de risco" implícito na taxa de atualização aumentou significativamente nas últimas décadas, com exceção do período da crise económica que ocorreu entre 2008 e 2012. Neste gráfico está também representada uma “linha de tendência” (azul escura) elaborada a partir na média móvel dos 10 últimos anos.
Em 2018 o “prémio de risco implícito” na taxa de desconto é de 3,5%, quando 1995 se situava abaixo de 1,0%. Importa pensar:
qual a implicação deste fator no valor dos terrenos agrícolas e dos terrenos florestais?
qual a implicação deste aspeto na viabilidade económica das atividades agrícolas e florestais?
terá este fator alguma ligação com a perda de população nas áreas interiores do território?
Que outras reflexões de natureza económica e de coesão territorial, nos suscita o desenvolvimento da linha azul escura?